DiSCRIMINAÇÃO
RELIGIOSA
“A chuva dos deuses cai dos céus sobre o túmulo de
Deus que
Sobreviveu à sua própria sepultura. Ateus têm seus
santos e
Blasfemos constroem templos. ”
Rubem Alves
Resumo
Nesse
artigo iremos falar sobre discriminação religiosa. A religião é um fenômeno de
intensa importância para a vida dos seres humanos e se manifesta por intermédio
de diferentes formas.
Ao
longo da história nos deparamos com muitos casos de intolerância religiosa. A
intolerância religiosa nasce exatamente do sentimento egocêntrico de que sua
crença seja a verdade absoluta, a qual todos os outros indivíduos devem
compactuar e manifestar os padrões, costumes e valores morais característicos
da linha de pensamento religiosa.
Palavras-chave: intolerância religiosa- discriminação- valores
Introdução
Discriminar é o ato de destinguir ou diferenciar algo ou alguem. Separar.
A religião é um conjunto de simbolos de principios, crenças e doutrinas
religiosas, baseados em livros sagrados. As primeiras manifestações de
discriminação religiosa começaram a surgir a partir do final do século XX com
ataques sistemáticos.
Discriminação
religiosa constitui-se na impossibilidade de respeitar diferenças ou crenças
religiosas de outros indivíduos. Em diversos países do mundo foram inclusos a
cláusula de proibição de práticas intolerantes religiosas, ou de favorecimento
dentro de suas fronteiras. A
Constituição da República Federativa do Brasil, afirma que todo cidadão tem a
liberdade de escolha de sua crença religiosa, seja ela qual for. Optar,
defender ou criticar uma religião, é considerado como liberdade de expressão,
mas qualquer tipo de violência, seja ela verbal ou física, é constituído como
crime. Existe uma grande diversidade de segmentos religiosos no Brasil, que podem ser politeístas ou
monoteístas, a exemplo o candomblé, evangélica, espírita, católica, judaica,
islâmica entre outras.
A discriminação religiosa e seus efeitos
Desde a
antiguidade, casos de discriminação e intolerância religiosa são relatados, a
perseguição aos primeiros cristãos, por judeus e pagãos, é um dos exemplos.
Outro exemplo foi a perseguição religiosa e social no século XV, a mais famosa
“Caça às bruxas”. O surgimento de rumores e pânico por supostas conspirações
malignas na Europa falavam de conspirações por meio de mulçumanos, que atacavam
cristãos por meio de magia e envenenamento.
O número de
denúncias no Brasil por discriminação e intolerância religiosa, tem aumentado.
De acordo com dados compilados pela comissão de combate a intolerância
religiosa do Rio de Janeiro (CCIR), 70% de 1.014 casos de ofensas, e violência
são contra a religião de matrizes africanas. Dados do disque 100, criado pela
Secretaria Nacional de Direitos Humanos, divulgam 697 casos de intolerância e
discriminação religiosa entre 2011 a 2015, a maioria registrada em São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro o centro de promoções da
liberdade religiosa e direitos humanos (Ceplir) criado em 2012, registra casos
de julho de 2012, a agosto de 2015, sendo 71% contra fieis das religiões de
matrizes africanas, 7,7% contra evangélicos, 3,8% contra judeus e sem
religiões, e 3,8% de ataques contra a liberdade religiosa em geral.
Em 2015 um
terreiro de candomblé foi incendiado em Brasília, sem deixar feridos. A
impressa local registrou 12 incêndios cometidos, desde o início do ano no
Distrito Federal.
Aponta-se que
70% das agressões são verbais, e incluem- se xingamentos, mas as manifestações
são feitas também através de pichações em muros, postagens na internet e em
redes sociais, além das mais graves, como invasões de terreiros, furtos, quebra
de objetos sagrados, incêndios e agressões físicas, indo contra o art. 208 da
Constituição da República Federativa do Brasil, que afirma que é proibido a
intervenção ou interrupção de cultos religiosos, escarnecer alguém publicamente
por motivo de crença ou função religiosa. Tendo como pena a detenção de um mês
a um ano, ou sujeição a multa.
A pouco tempo em uma entrevista ao Jornal
Extra, a pastora, Nãna Shara afirma que “Evangélicos sofrem tanto preconceito
quanto os gays”. A colocação da pastora deve ser entendida dentro do contexto
social e histórico que abrange mais do que a pastora demonstra saber. O que se
observa é mais uma rejeição ao que apresentam e representam na modernidade, do
que o preconceito como foi dito.
Outro caso retratado na mídia recentemente,
foi a publicação feita pelo ex-presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha
em seu twitter. “É preciso parar de discriminar a atuação de deputados
evangélicos porque têm os seus projetos e são atendidos iguais aos outros no
regimento. ” Diz ele. Uma das razões que levaram muitos a criticar Eduardo Cunha
nos últimos dias, foi a sua decisão de criar uma Comissão Especial para
apressar a votação e discussão do Estatuto da Família, que pretende definir
como família a união de um homem, e de uma mulher, além de seus filhos. A
sociedade criticou a ação do presidente por conta de uma possível aprovação do
projeto, havendo como resultado o impedimento legal de adoções feitas por
casais homossexuais. Os políticos evangélicos da câmara elogiaram a postura do
ex-parlamentar.
Em alguns países
Islâmicos, ateus sofrem com a discriminação e intolerância, contendo a ausência
de estatuto jurídico ou até mesmo pena de morte no caso de renúncia. Em alguns
países ateus que expressam publicamente sua opinião correm sérios ricos de
serem discriminados e até sentenciados à morte. Muitos ateístas julgam aqueles
que não confessem nenhuma crença religiosa como não confiáveis e antinaturais.
Em 2010, o apresentador do programa Brasil Urgente da emissora Band, José Luiz
Datena, fez uma junção preconceituosa entre a criminalidade e a falta de crença
religiosa, cogitando que os que não acreditam em Deus como culpados pela
depravação da sociedade. “Para quem não acredita em nada, a velhice é muito
triste. Quem crê, consegue ter mais saúde”. Disse ele. No início de dezembro o
Ministério Público Federal de São Paulo moveu uma ação no tribunal pedindo uma
retratação.
Após os adeptos
das religiões afro-brasileiros os seguidores do Islã são os que mais sofrem com
a discriminação religiosa. Com os atentados de 11 de setembro de 2011 o estado
islã se tornou constante nas mídias ocidentais. Esses atentados colocaram em
destaque o radicalismo islâmico, que são grupos radicais.
Frequentemente
crianças muçulmanas sofrem excesso preconceito e maus tratos em muitos lugares
por causa de sua expressão religiosa. A religião islã é discriminada e vista
como uma religião violenta e intolerante, não apenas verdadeira, como também se
forma no cerne de sua doutrina. Vistamos como exemplo primitivo o Alcorão.
Escrito no
estudo do Antigo Testamento hebraico os islâmicos acreditam que o alcorão é a
palavra de Deus, por isto, é centro da vida religiosa. O livro apresenta um
Deus de guerra e vingativo, está contaminado de juras de maldições e fogo
eterno aquele que não viver de acordo com a sua doutrina (de forma genérica são
chamados de descrente), chamada a lei de talião, que incentiva a violência
contra mulheres, aceitação a escravidão e etc.
Blasfemar e não
reconhecer o livro como sagrado, recomenda-se a agressão e a guerra contra os
resistentes do Alcorão e os mesmos são considerados “piores criaturas”.
É proibido
questionamentos à doutrina, são categoricamente proibidos, e visto como pecado
grave e sujeito a ira de Deus.
Mesmo
discriminado o islã é a religião que mais cresce no mundo: 15% ao ano. São hoje
1,6 bilhões de pessoas. Os muçulmanos compõem agora 23% da população mundial.
A uma estimativa
que haja cerca de 2 mil muçulmanos vivendo no Rio de janeiro, apenas cinco
denúncias de islamofobia foram feitas ao disque 100 da secretaria de direitos
humanos da presidência da república.
As mulheres são
as principais vítimas de violência de violência, por serem identificadas
facilmente nas ruas pelo uso do véu.
A seguir alguns
relatos de mulheres da cultura islã:
A aeromoça Ana
Claudia Mascarenhas relata casos de agressão em entrevista na mesquita da luz.
“Fui fazer exame
médico e notei que uma pessoa me seguia. Ele parou atrás de mim, começou a me
xingar e a dizer que odiava terroristas. Fiquei quieta, pois não sou
terrorista. Quando o sinal abriu, ele me puxou pelo braço, repetiu que odiava terrorista e me deu um soco no rosto. Saí correndo como
louca, sem olhar para trás. Se às 7h, com toda aquela gente na rua, ele fez
isso, não gosto de imaginar o que faria se eu reagisse ou respondesse”, afirmou
Ana Cláudia.
Muçulmanos estão entre as principais vítimas de intolerância religiosa
no Rio de Janeiro. Uma atendente de telemarketing Ana Carolina Jimenez relata
casos de agressão em entrevista a mesquita da luz.
A atendente de telemarketing,
Ana Carolina Jimenez, 22 anos, também passou pela humilhação de ser atingida
por uma cusparada. “Estava no ponto de ônibus. Alguns jovens no ônibus
começaram a falar bobagem e a me xingar. Quando o ônibus partiu, eles cuspiram.
Senti uns respingos, limpei e continuei olhando para frente. ”
Se as agressões físicas não são
rotina, o desrespeito é diário. “Ouço risadas pelo menos uma vez por dia. As
pessoas apontam, se cutucam. A maioria acha que nem somos brasileiras. A
primeira coisa que falam é: 'volta para seu país'”, disse Ana Carolina.
CONCLUSÃO
Para que essa função social seja realizada, no entanto, é
indispensável que os seres
Humanos possuam liberdade para o exercício da religião. Na
concepção de Aristóteles a liberdade
É “a ausência de constrangimentos externos e internos,
como uma capacidade que não encontra
Obstáculos para se realizar, nem é forçada por coisa
alguma para agir. Trata-se da espontaneidade
Plena do agente, que dá a si mesmo os motivos e os fins de
sua ação, sem ser constrangido por
Nada ou por ninguém. ” (CHAUÍ, 1997, p. 360).
É notório que a discriminação religiosa não é
uma questão fácil de ser solucionada.
Historias nos mostram que a discriminação e a
intolerância religiosa, foram responsáveis por guerras, genocídios, divisões
entre famílias entre outros. Muitas pessoas utilizam a liberdade de expressão
como modo de julgamento, mas a liberdade está ligada a questão do entendimento
de um determinado assunto.
Portanto é indubitável que este impasse seja bem
resolvido para que desde criança o indivíduo aprenda a respeitar a religião do
próximo.
Referências
Aponta-se que 70% das agressões são verbais, e incluem- se xingamentos, mas as manifestações são feitas também através de pichações em muros, postagens na internet e em redes sociais, além das mais graves, como invasões de terreiros, = http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160120_intolerancia_religioes_africanas_jp_rm
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